Como bons líderes se sabotam

Achei um artigo muito bom, que fala sobre líderes que têm boas intenções, mas uma desvantagem: possuem conhecimentos herdados do passado que aplicam ao presente. Quer isso seja intencional ou não, isso sabota a prática da gestão Lean, cuja intenção é produzir melhores resultados para os negócios e para a sociedade do que os que podem ser alcançados com o gerenciamento Clássico.

O texto é de Bob Emiliani, no livro Real Lean: Compreendendo o Sistema de Gestão Lean (traduzido). É um bom texto para quem é o "cabeça" da banda, ou está nessa de coordenar equipes... De acordo com Bob, a sabotagem vem da palavra francesa sabot (sapato de madeira) e significa envolver-se em arrastar os pés; para retardar, confundir, perturbar, impedir, prejudicar...
Qual é o propósito da sabotagem quando se trata de Lean? É manter o status quo; proteger uma prática de gestão antiga, obviamente inferior, e proteger o conhecimento herdado e os interesses adquiridos. O resultado da sabotagem é manter as condições de equilíbrio atuais, evitando, assim, a mudança para uma nova e obviamente superior prática de gestão, necessária para uma adaptação rápida em um ambiente de negócios em rápida mutação.

A sabotagem pode ser evidente, como quando os líderes erguem obstáculos claros. Mais frequentemente, a sabotagem é encoberta; Pequenas ações que impedem o progresso, ou ações sutis que sinalizam o trabalho de melhoria do processo têm pouco ou nenhum valor. Aqui está algumas das maneiras pelas quais os líderes sabotam o Lean:

• Limita ou retém o treinamento Lean

• Torna complexo o Lean

• Requer revisão e aprovação antes que a melhoria do processo possa começar

• Continua a responsabilizar as pessoas pelas métricas de gestão clássicas

• Recompensas pensamento e práticas de gestão clássica

• Cria novas métricas que não ajudam as pessoas em seus esforços de melhoria

• Recusar-se a aprender; de mente fechada, sem interesse

• Não recompensa as pessoas pela aplicação bem-sucedida dos princípios, métodos e ferramentas Lean

• Requer certificações ou níveis de realização (ouro-prata-bronze) para estabelecer objetivos

• Evita atividades de melhoria prática

• Não muda critérios para avanço (promoção)

• Ignora ou descarta a avaliação de desempenho e os esforços do Lean em seu processo

• Não está interessado em causa e efeito

• Não nivela as exigências e demandas do cliente

• Visualiza os problemas como somente ruins

• Não reconhece seus proprios erros

• Não permitir que os colaboradores experimentem novas ideias

• Faz declarações falsas, como dizer que o Lean é apenas para operações

• Exige “execução sem falhas” ou dizendo “falha não é uma opção”

• Culpar ou punir pessoas por erros

• Mantém as pessoas responsáveis ​​pelos resultados, mas não pelo processo

• Ignora o conselho de outros mais experientes ou com mais conhecimento técnico

• Desvaloriza os trabalhadores e seu trabalho

• Aceita problemas recorrentes

• Recusa-se a compartilhar recursos

• Não confia ou respeita os trabalhadores

• Não acredita ou promove o trabalho em equipe

• Acelera trabalhadores

• Culpa os gerentes médios por falta de progresso

• Ser contra as ideologias de gênero e discriminatório

• Ignora fatos e o feedback

• Ausência de participação nos lucros

• Continuação de dispensas discricionárias (versus verdadeiras economicamente necessárias)

• Colocação de líderes de melhoria contínua

Você consegue pensar em outros exemplos?
O resultado é que esses líderes confiam nos instintos e nas crenças e hábitos de pensamento compartilhados que foram aprendidos com os grupos de gerentes dos quais fizeram parte ao longo do tempo. Isso frustra a aceitação do Lean entre gerentes e trabalhadores, e assim perpetua o gerenciamento clássico. Dito de outra forma, Lean contamina os instintos dos gerentes e suas crenças e hábitos de pensamento compartilhados.

Lean, portanto, não é bem-vindo, e os esforços para sabotar o Lean são, assim, justificados. Isso não torna os sabotadores pessoas más, nem devem ser desrespeitados. Eles estão meramente levando adiante tradições que julgam ser úteis e eficazes no avanço dos fins pecuniários dos negócios. Pode-se dizer, no entanto, que lhes falta um estado de espírito cético, um dos questionamentos voltados para o avanço da prática.


Referências:
EMILIANI, Bob. Real Lean: Understanding the Lean Management System (Volume 1), capítulo 16: How Lean Activities are Sabotaged, [traduzido por nós]. 2007.

MARTINS, Ricardo. Como Líderes de Sabotam. 2018. Disponível em: <https://ideiasricardomartins.wordpress.com/2018/07/07/como-lideres-sabotam-o-lean>.

Comentários